“Ontem a seleção brasileira ganhou do Peru de 4×0, um resultado muito bom, muito importante. mas as pessoas estão criticando muito. Falta muita coisa né? Falta muita coisa. Mas a análise que precisa ser feita em cima da seleção, também é com o futebol brasileiro. O que aconteceu com o futebol brasileiro”
Vanderlei Luxemburgo em seu Instagram após Brasil 4×0 Peru (15/10/24)
Não que estudar a queda do futebol brasileiro seja um fato novo – para mim ou para o resto do país. Mas esse Reels do Luxa, após o Brasil do Dorival golear o Peru, me chamou a atenção. Primeiro, porque vem após uma vitória, e uma vitória de goleada. E segundo, porque ouvir a frase “O que aconteceu com o futebol brasileiro?” logo após assistir ao jogo me impactou e me fez pensar sobre muitas coisas. Afinal, o que aconteceu com o futebol brasileiro? A resposta, como o Luxa sugere na sequência do vídeo, não é simples. Discussões sobre a qualidade de A ou B, de treinadores ou de jogadores, de geração fraca ou boa, são válidas em alguns aspectos, mas não conseguem dar o diagnóstico completo. Nossos problemas – e nossas soluções – não são questões puramente individuais.
Um esporte bretão, que chegou ao Brasil e à América do Sul através do imperialismo, e que inicialmente era restrito às elites burguesas de brasileiros e imigrantes europeus, rapidamente se alastrou por todas as camadas sociais e se tornou quase um sinônimo de Brasil. Principalmente na segunda metade do século passado, quando, além de fenômeno cultural, se transformou numa verdadeira bandeira de brasilidade e num exercício de autoestima para um país que sempre teve suas capacidades subestimadas. Em alguma coisa, nós éramos os melhores.
Existia um local onde muitas vezes enfrentamos nossos vizinhos e os distantes “países desenvolvidos” e nos afirmamos como os melhores. Um espaço onde as nossas diferenças eram colocadas em conflito através do duelo entre os clubes que nos representam e que, na seleção, essas diferenças, dialogando, formavam algo novo: o futebol mais formoso do planeta. Essas palavras hoje remetem a um passado distante, inalcançável atualmente. E a teoria mais popular sobre por que isso aconteceu é que “o futebol mudou” e nós não acompanhamos essa mudança. Essa ideia de mudança é levada para um lugar puramente desportivo e de “meritocracia”. Frente ao profissionalismo e modernismo europeu, o Brasil se encontra “ultrapassado”.
Dentro dessa ótica, esse seria o fator chave para quase todos os nossos melhores jogadores estarem na Europa: sair da “várzea” e ir evoluir no “primeiro mundo”, ter o talento brasileiro lapidado pela seriedade europeia. Esse é um pensamento que já nasce equivocado porque ignora princípios básicos do mundo e trata o futebol como um veículo à parte, que não acompanha as mudanças sociais. Sim, o futebol mudou porque o mundo mudou (e está sempre mudando). O Brasil que proporcionava ao futebol brasileiro ser o que foi, não existe mais.
O processo de globalização e a cooptação do futebol e de vários aspectos da economia pelo setor privado trouxeram o que conhecemos como “futebol moderno”, que é esse futebol onde, ao redor do mundo, foram estabelecidas regras que, apesar de terem melhorado consideravelmente as condições de trabalho dos profissionais envolvidos nesse esporte, permitem uma circulação muito maior deles pelo mundo sem muitas restrições. Isso cria uma concentração dos jogadores nos principais mercados do aspecto financeiro, principalmente o da Europa, que já está estabelecido em todos os aspectos comerciais, culturais e esportivos. Além da evidente transformação do futebol em um espetáculo e numa das maiores forças da indústria do entretenimento atualmente.
Dessa forma, não tendo os meios financeiros e tecnológicos para se colocar como uma potência do futebol, o Brasil e os demais países periféricos estão no mercado como exportadores de mão de obra para os países centrais. Isso acaba acontecendo em detrimento de um processo de fortalecimento do nosso próprio futebol. É evidente que o Brasil também é refém de gestões extremamente problemáticas nos clubes e na CBF, o que, sem dúvida, contribui para que um futebol, que já parte em desvantagem com relação à concorrência estrangeira, seja ainda menos valorizado. Porém, somente esse fato não é capaz de justificar a situação do futebol brasileiro; existe muito mais a ser dito.
País do futebol
Para alguns, devido à seca de títulos mundiais e às inúmeras crises que se alastraram pelo futebol brasileiro no século 21, o Brasil deixou de ser o país do futebol. Mais do que pensar se isso é ou não verdade, acho que devemos fazer uma reflexão: o que significava ser o país do futebol? Não creio que fosse somente o fato de o Brasil ter sido a seleção mais dominante de toda uma era do esporte. Também não é somente pelo número de craques que daqui saíam e saem. O futebol se tornou um reflexo da nossa imagem enquanto brasileiros. Não que exista somente um “ser brasileiro”, uma única hegemonia cultural; pelo contrário, tudo que envolve o Brasil como conhecemos vem do encontro dos diferentes. O ponto é que essa variedade não denuncia uma ausência de identidade. Essa ideia se sustenta justamente no entendimento de que, para que uma cultura seja identificável, ela deve ser hegemônica e imutável. E isso está equivocado porque a cultura não existe a partir de si mesma e ponto; ela nasce e é moldada pelas dinâmicas sociais e pela maneira como é representada. É algo que não permanece fixo, mas que está sempre em processos de ser recriada e ressignificada. No caso do futebol, depois de o próprio se alastrar pelas camadas populares, e de que a partir delas passaram a formar seus maiores jogadores, ele ganhou uma forma mais próxima delas. Ou seja, a ideia de futebol brasileiro não é algo fixo e hegemônico, que é uniforme em todas as regiões do país. Mas para que ela exista, isso não é necessário. É algo que ganhou vida a partir da forma como foi expressada pelos nossos melhores dias, a partir dos melhores jogadores da nossa história e dos signos que ganharam força no imaginário para que fosse criada a ideia de “jeito brasileiro de jogar”.
Tudo isso com a seleção como fator principal. Esse jeito brasileiro de jogar, que foi constituído pelo improviso, pelo drible, pela vontade de ter a bola, e pela capacidade de organizar tudo isso não com a estrutura mais rígida da maioria das escolas europeias da época, mas com relações sócio-afetivas de jogadores que se complementavam. Jogadores de diferentes regiões, de diferentes costumes. Alguns do interior, outros das grandes capitais, a maioria de famílias humildes de bairros menos favorecidos, mas que tinham na bola uma forma de apresentar sua excepcionalidade para o mundo. O futebol não é só um esporte por aqui; é um momento em que compartilhamos alegrias, frustrações, dores, lágrimas, sorrisos, e principalmente: é um momento em que buscamos nos sentir representados pelos nossos clubes e pela nossa seleção. Então, o Brasil se tornou o país do futebol por sua forma de ser no futebol, e isso envolve sobretudo como jogamos e como nos relacionamos com o futebol.
Em paralelo a tudo isso, sempre pairou no Brasil, como os críticos mais fervorosos do nosso futebol apontam, uma enorme dificuldade dos cartolas para gerir o futebol. Se hoje falamos em um futebol onde essas figuras se tornaram centrais através da subsunção quase total do esporte profissional aos interesses deles, e, portanto, vemos cada vez mais um esporte que vai se tornando uma fonte infinita de dinheiro em detrimento de sua acessibilidade, no passado existia um abuso de poder absoluto dos gestores de clube para com os jogadores. O futebol profissional do Brasil era marcado por disputas constantes entre dirigentes e jogadores por melhores condições de trabalho. Se em campo víamos o melhor futebol da terra, fora dele só existia caos. Tanto pela situação política do país, em boa parte daquele período com regimes antidemocráticos, quanto por como essas situações chegavam ao futebol e, principalmente, como o futebol era gerido, tanto pelas figuras responsáveis pelos clubes e pela seleção quanto pelo próprio governo, que na época tinha enorme poder também dentro do futebol, através do Conselho Nacional de Desportos (CND), principal órgão esportivo daqueles tempos e entidade máxima à qual as demais entidades e federações deveriam responder. Inclusive impedindo a circulação em massa de jogadores para o exterior, entendendo que isso iria enfraquecer o futebol como um símbolo nacional. A previsão estava correta, porque o dia em que esses jogadores começaram a sair em grande número chegou, e esse texto só está sendo escrito por conta dos impactos principalmente disso. Mas a maneira como isso era feito era extremamente prejudicial para o jogador em relação à autonomia de sua própria carreira, como, por exemplo, Pelé, que abertamente relatou que foi impedido de deixar o Santos para ir para o exterior pelo governo, pois não queriam perder o maior ídolo do país. Isso tudo suportado pela regra do passe, que permitia ao clube ter a autonomia do jogador mesmo após o fim de seu contrato, isto é, para que um jogador pudesse sair de uma equipe para outra, mesmo estando sem contrato, a equipe interessada devia negociar com o clube anterior. E caso não chegassem a um acordo, o jogador poderia ficar inclusive sem atuar. Então, dentro dessas condições, era difícil imaginar um cenário onde esses jogadores iriam sair em grande escala, apesar de, sim, já existirem algumas transferências desse tipo desde sempre. Também era uma limitação a própria regra europeia sobre o número de estrangeiros em cada equipe, que se limitava a três. Impossibilitando completamente as seleções mundiais que hoje são os grandes clubes europeus. É importante contextualizar que o futebol, a partir de 1974, com o início da gestão João Havelange na FIFA, já vinha se tornando um grande negócio e um grande produto. Segundo o próprio, ele iria “vender um produto chamado futebol” e fez todos os esforços para tal. Ele assume um esporte que já girava um número considerável de dinheiro e identifica que, pela força midiática e pelo poder de mobilização do mesmo, podia girar muito mais. A partir disso, o futebol iria se tornar cada vez mais um paraíso rentável para investidores e patrocinadores. No momento em que a regra do passe é drasticamente alterada com a Lei Bosman (1995), que permitiu a livre circulação de jogadores sem contrato, principalmente com os jogadores europeus sendo considerados “comunitários” e não estrangeiros, a circulação aumentou ainda mais. Criou-se também a figura do “extracomunitário”, jogador vindo de fora da Europa, com limite de 3 por clube. Essa medida, por si só, aumentou consideravelmente o número de atletas “escapando” para a Europa, já que os clubes podiam contratar outros europeus livremente e usar a “regra dos 3” exclusivamente para jogadores de outros continentes.
Nos nossos três primeiros títulos mundiais (58, 62, 70), todos os atletas da seleção atuavam no Brasil. Uma minoria já havia tido ou viria a ter experiências fora do país, mas todos passaram a maior parte da carreira aqui e estavam aqui no momento dos títulos. Isso seguiria até 1990, quando, pela primeira vez, tínhamos uma maioria de jogadores atuando fora. 13 dos 22 convocados estavam no exterior; em 1994, eram 15 dos 22; em 1998, esse número se repete; e, em 2002, ficou páreo, 11×11. Em 2006, foram 10; e, em 2014, apenas 3 jogadores convocados atuavam no Brasil. Em 2018, foram 2, e, em 2022, o número voltou para 3. Isso evidencia que a seleção perdeu seus melhores jogadores para a Europa em uma escala muito maior, chegando ao extremo a partir de 2006, com a ampla maioria dos convocados atuando na Europa.
O futebol seguiu os rumos do mundo entre meados dos anos 80 e 90 e começou seu processo de abertura ao mercado, intensificado com a Lei Bosman. No Brasil, isso se consolidou com a Lei Pelé (em vigor a partir de 2001), que, espelhada na Lei Bosman, promoveu mudanças em relação à Lei Zico (1993), abrindo de vez o “passe” do jogador ao fim do contrato, permitindo que ele circulasse para qualquer clube do mundo sem compensação ao clube anterior. A Lei Zico definia que, ao fim do contrato, o passe ainda era válido, mas o clube detentor não poderia exigir compensação sem o jogador estar com contrato vigente. A Lei Pelé elimina o passe “ad eternum”, deixando o atleta livre para escolher seu próximo clube. Isso, somado à Lei Bosman, ocasionou uma verdadeira “fuga de cérebros”, principalmente para clubes europeus.
A partir disso, o Brasil se especializou como fornecedor de matéria-prima para o mundo. Hoje, o Brasil é o país que mais exporta jogadores, e cada vez mais precocemente. Enquanto isso, na liga nacional, ficamos com o que “sobra”, isto é: jogadores muito velhos para o primeiro nível da Europa e que perdem mercado, jogadores que os europeus “descartam” e que acabam voltando, ou nunca chegaram a ir, ou jogadores de outros países que sabem que o futebol brasileiro é uma grande vitrine, portanto vêm para cá tentando atrair o mercado central posteriormente. Esses são os principais perfis de jogadores no futebol brasileiro do ponto de vista mercadológico. Evidentemente, temos exceções, e o campeonato consegue manter um nível técnico muito bom, mesmo tendo esse papel secundário no mercado futebolístico.
Então, apontar que o Brasil não é mais o país do futebol, considerando que ser o país do futebol significa apenas ser referência competitiva, sem um aprofundamento maior, com base na crise de identidade e na ausência de títulos mundiais, sem considerar as dinâmicas que proporcionam ou não esse tipo de situação, é no mínimo equivocado. Alguns apontam, por exemplo, a Espanha como o “novo país do futebol”. A Espanha do Real Madrid e do Barcelona, grandes clubes do século e, para alguns, da história do futebol; de Pep Guardiola, o maior treinador do momento, que elevou ao ápice o modelo de futebol com o qual o país mais se identifica, a ponto de se tornar referência global; a Espanha de 1 título mundial e 3 títulos europeus no século até aqui, etc. Um país que, de fato, foi dominante em vários momentos do futebol recente. Porém, quando comparam com o Brasil, esquecem-se das diferenças fundamentais entre os dois países. Enquanto a Espanha está localizada no mercado central, com moeda valorizada e alguns dos principais clubes do mundo no que diz respeito ao poder aquisitivo, nós estamos muito abaixo na cadeia alimentar.
A Espanha produz jogadores para Madrid, Atleti, Barça, Bilbao, etc. E nós? Bem, nós também – pelo menos em parte. Como construir uma base sólida para o próprio futebol se o principal papel no mercado é atender às demandas de diferentes partes do mundo? Como maior exportador de talentos do globo, o Brasil hoje se encontra em um momento de extrema fragilidade. Sem condições de competir no mercado, resumimo-nos a produtores de “commodities”. Assim como na economia, muitos entendem que nosso momento é um estágio natural da busca pelo topo, perseguindo esse “desenvolvimento” nos moldes do mercado dominante. Mas aqui é o outro lado da ponte, outra realidade material, outro mundo.
Jogadores saem daqui antes mesmo de se formarem como profissionais, antes de terem a oportunidade de conhecer o futebol brasileiro. Afinal, quanto mais cedo chegarem à Europa, mais rápido se habituarão e, quando estiverem mais velhos, já serão atletas daqueles campos. Estevão acabou de surgir no Palmeiras e já está contratado pelo Chelsea. Não existe mais tempo para formar qualquer tipo de conexão. Isso, claro, se reproduz em diferentes escalas, como a dominância financeira do Brasil na América do Sul ou a diferença histórica do Sudeste para as demais regiões do Brasil no futebol. Fato é que existe um topo da pirâmide, e não somos nós.
Então, penso que existem, neste momento, três polos: os descrentes, que acreditam que tudo está morto, e outros dois lados que acreditam no futuro do nosso futebol, mas com óticas diferentes. Primeiro, temos quem pensa que estamos “atrasados”, como já foi dito, e, portanto, o que devemos fazer é correr atrás desse prejuízo. Como? Absorvendo tudo que distanciou tanto o “primeiro mundo” do futebol de nós durante todos esses anos. E há quem entenda que o que deve ser feito é um retorno às “raízes” do futebol brasileiro, mudando drasticamente tudo que envolve o futebol atual, que, em várias frentes, espelha ou tenta espelhar o modelo europeu. Todos olhando muito para o passado ou para o futuro, mas e o presente?
O presente não é só um elo entre o que passou e o que virá, ele é a realidade como ela é agora. Portanto, para implementar mudanças, devemos manter nossas ideias com base nessa realidade. Fato é: quais aspectos vamos absorver, tanto do que já fomos, quanto do que somos, e do que vem de fora, para construir melhorias para o futebol brasileiro? O que vamos reunir dessas diferenças para tentar criar algo novo? Não estamos construindo um futuro, estamos esperando que ele chegue, sem olhar para o presente e tentar entender o que se passa. Portanto, a grande questão apontada pelo Luxa, que é a grande interrogação do futebol no século, é: o que está acontecendo com o futebol brasileiro?
Um futebol nacional, como historicamente sempre foi, repleto de anomalias por parte das “gestões”. De crises financeiras nos clubes, mas, principalmente, sem saber de fato que rumo o futebol brasileiro toma no mercado. Um novo mundo e um novo futebol que não dialogam tão bem com o que fomos. As barreiras entre esse passado glorioso e o presente não são só temporais, são materiais. A crise do futebol brasileiro não é a ausência de Copas do Mundo, não foi o 7×1, nem as eliminações para Bélgica e Croácia. É olhar para o nosso futebol e ver, cada vez mais, um reflexo borrado, que tenta ser a imagem do “outro”, mas que, no fim, não é nada.
A estabilidade nunca existiu no futebol brasileiro; mesmo na glória, sempre habitamos o caos. A crise é, historicamente, inerente aos processos que aqui ocorreram. Desde que ele chega com os ingleses, passando pela profissionalização e pelas lutas por direitos trabalhistas, e, por fim, ao momento em que estamos: a sua desfiguração em função do novo mundo e do novo futebol, o futebol moderno. Enquanto processo que visa globalizar o “produto chamado futebol” idealizado e que ganhou força com Havelange, mas que só faz concentrar o poder do futebol nas mãos de poucos. Esses poucos, por consequência, têm o amplo domínio competitivo e aquisitivo do futebol mundial.
O futebol e o mundo andam lado a lado, não é possível enxergar o futebol sem enxergar como as mudanças sociais o afetam. Portanto, qualquer crítica deve ter a compreensão desse fato. Mas compreender criticamente o futebol também não significa desesperança quanto ao mesmo, nem anular todos os seus valores sociais para a classe popular, enxergando-o apenas como “ópio” do povo. O futebol é um universo complexo, difícil de diagnosticar, e muito maior do que qualquer compreensão reducionista que possamos vir a ter do próprio. E isso inclui “análises” descontextualizadas.
Mas, mesmo nisso, ainda seguimos dominantes enquanto representantes da maior força do futebol: o jogador. Então, mesmo em meio à crise, enquanto continuarmos formando os melhores jogadores de futebol, ainda há esperança. Enquanto ainda enxergarmos um pouco das ruas e dos seus segredos em figuras como Estevão, Vinícius e Neymar, precisamos acreditar que essas barreiras materiais podem ser momentaneamente quebradas, e que a seleção e o futebol brasileiro sejam, novamente, uma pausa em meio ao caos, uma reunião de “nós”.