Cinco a um Alemanha em ritmo de treino. Para muitos o jogo foi uma questão de aproveitar os últimos toques na bola de Toni Kroos, jogador histórico. A propósito, foi dele a inversão para Kimmich, que resultou na jogada do primeiro gol. O time de Nagelsmann se organizava na fase ofensiva numa espécie de 3151, e o aposentando participava da saída lateralizado à esquerda, formando um losango – Andrich nas costas da pressão carregando o peso da aparente desimportância.
Imagine você que Toni Kroos via à sua frente, entrelinhas, Musiala, Gundogan e Wirtz. Muita qualidade na parte mais perigosa do campo. Além dessa possibilidade, se alguém ensaiava uma ruptura pra cima de Robertson, Kimmich recebia livre uma inversão. Por motivos óbvios, as bolas longas da base eram sempre pro corredor direito.
Os laterais, aliás, numa altura “média”, rodando a posse, sem preocupação de dar amplitude na profundidade. Algumas vezes davam passos pra dentro, atraindo pressão e desafogando Kroos. Por causa disso, eu penso, Nagelsmann busca aquilo que mais faz sentido pra esse time: controle da posse e jogo entrelinhas com os três meias. Se faz isso bem ou se usa dos meios mais eficientes é outra história.
Dentre os três meias, Musiala é o mais impressionante. E ele é sempre mais perigoso depois que está em movimento. Enquanto parado, não é o Neymar; depois que parte, fica difícil pará-lo; se passa o primeiro, já era. Ele vai melhorando, melhorando, quanto mais dribla, quanto mais tabela. Fez um golaço.
O passe foi de Gundogan, craque da meia-lua. Esse é o termo que melhor o define. Craque da meia-lua. Musiala e Wirtz são craques em mais lugares e situações. Musiala em todas talvez. Gundogan é o que oferece apoio. Se os três receberem bola, se o atacante acompanhar, se o cruzamento que vier do Kimmich os achar – seja diretamente pra eles seja numa segunda bola já que eles povoam bastante a entrada da área -, então tem jogo para Alemanha. Entre Havertz e Fullkrug, o segundo oferece mais diferença, até mesmo no jeito. Ele é de um jeito diferente dos meias, enquanto que Havertz é de um jeito parecido. Não estou falando se um oferece ruptura e força enquanto o outro apoio e infiltração dos meias. Estou falando de jeito, uma coisa mais metafísica.
Como a Escócia não ofereceu reação, fica difícil falar dos aspectos defensivos. Vou me privar de fazê-los; o que posso dizer, no entanto, é que o pós-perda me pareceu um ponto de atenção do time alemão. Ou o pós-perda funciona bem ou sofrerão demais em transição. A ver.
Claro, o adversário não ajudou. Confesso que tentei torcer para a Escócia, sou homem de religião; mas meus irmãos reformados que me desculpem, ruindade tem limite.