Eu sei que você é muito esforçado e dedicado; que não se pode reclamar de falta de empenho, disciplina e seriedade. Sei que você dá 100%. Sim, 100%. Nada menos do que isso. É sempre o máximo, a força toda, e a linha-limite do que pode fazer, ao que parece, estica, anda mais um pouquinho, como se a vontade e o trabalho duro dilatassem o intervalo de suas possibilidades.
A compensação, nesse caso, sempre surge como alternativa. Se não pode fazer o que é realmente digno de louvor e raro, você pode, no entanto, oferecer alguma outra coisa para equilibrar o que te falta. Se falta técnica, sobrará suor. Você joga aqui, mas joga ali também. Faz pelo time. Tudo pelo time. Você é um soldado disposto a morrer na linha de frente. O que o treinador pede – o que o treinador precisa, na verdade – você obedece sem pensar duas vezes.
Eu jamais poderia reclamar ou não reconhecer tais virtudes. Em todo o lugar a força de vontade é reconhecida e, mais do que isso, recompensada. As histórias que geralmente gostamos são assim: a gente se vê na fraqueza do herói e esperamos vencer as nossas próprias dificuldades como ele mesmo venceu as dele. Por isso, não tenho dúvida de que é bom que você seja assim, que você seja tão dedicado e trabalhador; e me comove a disposição e o entregar-se em cada jogo. É bom, de verdade.
Mas acontece é que você é ruim. Você é ruim demais.