Real Madrid: do losango ao quadrado

Brahim Díaz e Luis Del Sol.

Primeiro momento da temporada do Real Madrid (agosto a outubro): losango no meio-campo (4312), onde há claramente 3 meio-campistas por trás de Bellingham. Tchouaméni, Camavinga e principalmente Valverde jogam muito nesse período. Kroos secundário, Modric escanteado.

Era um time que orbitava ao redor de Bellingham, que funcionava para potencializar as infiltrações do inglês. Time mais apoiado na intensidade, nos cruzamentos pra área e no aproveitamento da segunda bola. Rodrygo sofre muito aqui. Valverde é totalmente potencializado pelo sistema. Ser o meia pela direita no losango catapulta toda a sua capacidade de ler os espaços, se movimentar entre eles, preencher o campo todo. Bellingham com números excelentes, mas atuações ainda descompassadas.

Ruptura (novembro): com a lesão de Bellingham, Ancelotti “redescobre” Brahim Díaz e o Real Madrid faz dois belíssimos jogos (3 a 0 no Braga e 5 a 1 no Valência) com o espanhol como um meia-atacante pela esquerda.

Ancelotti começa a dividir o meio-campo entre 2 volantes de base da jogada (Kroos e Camavinga) e 2 meio-campistas mais avançados (Valverde e Brahim). O 4312 começa a mudar. Brahim vira o Luis del Sol desse time. Luis del Sol foi um excelente meia-atacante espanhol que fez sucesso no Real Madrid justamente por ser um meia de toques curtos e de tabelas em progressão, um “facilitador” ideal para Puskas e Di Stéfano. O mesmo vale para Brahim e Vini e Rodrygo. Sem Bellingham e com o espanhol, o time deixou de buscar os passes longos na área visando as antecipações na área e começou a tabelar mais por dentro, um cenário muito mais amigável para Vini e Rodrygo.

Segundo momento (novembro e dezembro): Bellingham volta, mas volta para estabelecer de vez o 4222. Dois volantes, dois meias, dois atacantes. Seja com Brahim ou Modric no meio-campo, Bellingham agora está muito mais associado à figura do terceiro homem pela esquerda.

Bellingham, agora, não é mais o 10 muito associado ao gol que busca constantemente a antecipação dos cruzamentos na área, mas um meia mais recuado que participa mais e melhor das jogadas e que mantém seus excelentes números ofensivos a partir de infiltrações vindo de trás. O Real Madrid joga mais próximo do estilo da temporada anterior: mais jogo por dentro, mais tabelas em progressão, mais toques curtos. O jogo do Real Madrid potencializa Bellingham mesmo sem ser o estilo que o inglês se acostumara. Modric volta ao time e Brahim se estabelece. Valverde, agora, é quem sofre. Jogando como um volante mais vinculado à base da jogada por causa das lesões de Camavinga e Tchouaméni, o uruguaio passa a ter uma área de atuação mais reduzida. O ideal seria trocar a faixa de atuação de Modric e Valverde.

Moral da história: confiem nesse senhor. Sem Courtois, Militão, Vini, Camavinga e Tchouaméni, Ancelotti reinventou o Real Madrid múltiplas vezes ao longo da temporada e vai terminar o ano comandando o que é, sem dúvidas, um dos melhores times do continente. Treinador de futebol.

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