Uma comemoração emblemática e um punhado de gols, o sueco tem tudo o que é necessário para ganhar uns “edits” maneiros no TikTok e angariar uma legião de fãs.
E para além disso? Como joga o artilheiro do Sporting?
(Versão corrida de uma thread transportada do Twitter)
Ver Gyökeres jogar é como assistir a um filme de terror desses slashers dos anos 80. A cena começa e você já sente que o assassino mascarado vai aparecer, só resta saber quando. E daí em diante é sangue.
Na atual temporada pelos leões, o camisa 9 acumula 50G/A em 45 jogos.
A carreira de Viktor Gyökeres é curiosa e mais um exemplo da importância do contexto. Surgiu garoto no IF Brommapojkarna e e aos 19 anos foi transferido ao Brighton, recém promovido à Premier League. Gyökeres recebeu poucas chances e viveu de empréstimos por 3 anos. St Pauli da Alemanha, Swansea e, finalmente, Conventry, também da segunda divisão inglesa. Por lá, enfim, se encontrou, sendo transferido em definitivo. O sueco foi destaque, somando 38 gols em 2 temporadas na Championship.
Figurando na seleção do campeonato e levando o modesto Coventry aos playoffs de acesso, chamou atenção suficiente de Rubem Amorim para que se tornasse a contratação mais cara da história do Sporting.
Sem mais delongas, vamos entender o que esse cara faz no campo.
Podemos dizer que Gyökeres é mais um dessa safra de centroavantes europeus modernos bem simbolizados por Erling Haaland e Dusan Vlahovic. Muito bem dotado fisicamente, perigosíssimo atacando a profundidade e com uma finalização extremamente potente. Mas algumas coisas o diferenciam dos demais.
Pra organizar melhor o texto, vou citar previamente o que entendo como as principais características do jogador. A partir daí, fica mais fácil captar o que ta sendo contemplado em cada vídeo e visualizar o jogador por inteiro:
1) Conduções
2) Busca pelo 1×1 nas pontas
3) Giro em cima do marcador
4) Refino no passe final
5) Gols no lado oposto
6) Gols na ruptura
7) Pivô curto e associação
Esse vídeo começa com conduções e termina com uns lances de pivô. Me agradam as arrancadas do sueco porque ele consegue deixar a bola próxima ao pé, ponto em que geralmente pecam os grandalhões, e por isso mudar rápido de direção pra fugir dos botes. Mesmo sendo bem destro, usa com tranquilidade o pé esquerdo nesses cenários. Isso facilita não só as conduções, como também os pivôs. O compilado mostra como o Sporting faz uso de seus duelos pelas pontas para armar contragolpes. Gyökeres gira para ambos os lados sem problemas.
E seu giro é realmente impressionante. São 1,87m de muita massa, e ainda assim o assassino mascarado se espreita na brecha cedida pelo zagueiro e gira de uma hora pra outra. Pra esquerda, pra direita, as vezes nem ele parece acreditar na velocidade com que executa o movimento.
Então nosso camisa 9 sueco vai atropelando geral na condução, girando pra um lado e pro outro até que chega na hora do passe. E por incrível que pareça, ele mantém o nível. Gyökeres tem muito critério no momento de cruzar, tanto pelo alto quanto pelo chão. O vídeo começa com uns passes por dentro e bons pivôs dando sequência a tabelas, como na linda assistência contra a Atalanta. Quando a bola vem da cintura pra baixo, Gyökeres é bem bom na parede. Associa curto no ritmo certo e ativa o ataque frente a frente com a linha de defesa.
É verdade, porém, que ele precisa evoluir nos duelos aéreos. Pelo porte físico que tem, ainda pode se desenvolver nesse sentido. Essa malícia na subida com o zagueiro se aprende com o tempo, e o sueco ainda tem 25 anos, mas podemos começar a esperar mais vitórias na bola alongada.
Antes de mostrar o que todos querem ver, os gols, coloco o vídeo a seguir como uma pequena prévia. Nele estão seus desmarques favoritos. Ver como Gyökeres se movimenta antes de passar a faca no adversário vai ajudar na percepção dos detalhes.
Quando dentro da área, notem como ele vai se distanciando do zagueiro, tirando a referência e se escondendo nas sombras. Gyökeres gosta de ir em direção ao o segundo pau, e eventualmente corrigir a rota, atacando a bola, caso o cruzamento não siga seu caminho.
Fora dela, é claro como ele busca ir de dentro pra fora, recebendo na ponta. Segura bem a ruptura no timing certo e tem um baita arranque. Mais uma vez, a variedade nas diagonais é especial. Não cai só no pé bom, para já virar de frente pra área. Ele gosta do 1×1 na esquerda.
Então vamos aos gols, começando com os pós-ruptura. Esses são os mais chocantes. Gyökeres tem um leque enorme. Na esquerda, na direita, cortando pra dentro, batendo com uma, com outra, mandando um foguete, colocando no cantinho. Violento.
Dentro da área, tá sempre ali do outro lado pra pegar a defesa no susto. Posicionamento do mais alto nível, aí é só empurrar pra dentro. Também com ambas as pernas, e aqui aparece seu bom cabeceio. Força e precisão. O assassino mascarado vem das sombras.
Pra finalizar, alguns gols para reforçar a impressionante capacidade de conclusão. Além disso, destaco a atenção e o oportunismo nos momentos de pressão. Viktor Gyökeres é um centroavante completíssimo.
Olho nessa dupla que pode se consolidar nos próximos anos. A Suécia agradece.
A palavra killer é usada pra falar desses centroavantes com faro de gol um tanto brutal. Por mais que meio pesada, com a linguagem se brinca. Logo, Gyökeres é um desses. E não é um qualquer. É como Jason e Meyers. “O killer mascarado”.
O futebol precisa de personagens.